domingo, 18 de junho de 2017

A MULHER NO CICLO DA BORRACHA



Durante o auge da Borracha na Amazônia (1890-1920), haviam os seringalistas, os chamados coronéis do barranco, nas cidades mais ricas da região, Manaus - AM e Belém - PA.
Eles eram patriarcais, tradicionalistas na sociedade, mas escondiam debaixo do pano as sujeiras, como a escravidão sexual, e vendas de mulheres vindas da Europa, muitas da França, Polônia, e países onde o anti-semitismo era presente... Eram cobiçadas por sua pele branca, olhos claros e traços europeus, diferente das mulheres da região.
Essas mulheres eram submetidas às mais variadas opressões e à todo tipo de humilhação, por que estavam fugindo da perseguição em seu país de origem, não tinham meios de vida, até mesmo em alguns casos, maridos eram seus cafetões.
E negociavam as chamadas Polacas.
Eram objeto de desejo dos ricos, disputadas em leilões nos grandes e luxuosos palacetes e salões de Belém.

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O Ciclo da borracha durou pouco, e com o declínio industrial, houve um empobrecimento na Região Norte do País... Hoje famílias tradicionais, escondem esse passado sombrio.

" Os coronéis de barranco vibravam com as polacas e francesas, mas as senhoras de respeito eram guardadas nos palacetes, cercadas de criadas e ocupadas em afazeres mesquinhos, como em 1820.  Numa sociedade carente de mulheres, também o sexo seria um privilégio. A presença feminina no seringal era rara e quase sempre em sua mais lamentável versão. Para os seringueiros isolados na floresta e presos a um trabalho rotineiro, geralmente homens entre vinte e trinta anos, portanto, premidos pelas exigências de seu vigor, a contrapartida feminina chegava sob a forma degradante da prostituição. Mulheres velhas, doentes, em número tão pequeno que mal chegavam para todos os homens, eram comercializadas a preço aviltante. Enquanto o coronel podia contar com as perfumadas cocottes, além de suas esposas, o seringueiro era obrigado a optar pela sexualidade de homens confinados.

Essa penosa contradição legou uma mentalidade utilitarista em relação à mulher. Na sociedade tribal amazônica, a mulher estava integrada sob diversas formas de submissão. Com o extrativismo da borracha, em que a procura era maior que a oferta, ela seria transformada em bem de luxo, objeto de alto valor, um item precioso na lista de mercadorias, uma mobília.

A sociedade do látex torna-se ia uma sociedade falocrata, que daria à mulher uma utilização tão aberrante quanto a forma de explorar a força de trabalho do seringueiro. Adornaram sua terra exótica com a venerável cultura europeia, mas não admitiam uma mulher como pessoa. Mulheres e Victor Hugo estavam no mesmo carregamento, como o parnasianismo parecia constar da mesma lista de panacéias contra a gonorreia ".

(SOUZA, Márcio. Breve história da Amazônia. São Paulo: Marco Zero, 1994. p. 138 - 139)

Renan Nassif__________©
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Mulher sendo leiloada Créditos imagem: Belém Antiga

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